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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Gaúcho crente

Agora que o sol começa a aparecer

Vejo o pé de milho faceiro

A Deus agradecer.


Uma fina neblina se forma

E passa a meio monte encobrir.

O jovem poeta se esbalda

De tanto sorrir.


Quer ele voltar

Para sua meditação

Mas a natureza lhe chama

Para continuar a canção.


Minha visão não se cansa

De o belo admirar,

Uns dizem que são meus olhos

Mas não posso acreditar.


Há ao meu redor um excesso de beleza,

Exagero de perfeição.

Cada detalhe organizado

Milimetricamente pensado.


É como se cada coisa que existe

Encaixasse perfeitamente.

Não entendo como alguém resiste

A admitir que Deus esteja presente.


Os átomos nas folhas

Intensamente põe-se a agitar

Confirmando assim

Que o sol está a brilhar.


Como pode tudo isso

Ser fruto do acaso?

Vejo o fungo no tronco seco da mangueira.

Mas chê! Que baita arraso!


A sica de inteso verde

O pessegueiro a repousar.

Se o céu é melhor que Caraá

Então é lá que quero morar.


Escuto o rio

Faceiro escoando.

Escuto a cachoeira

E o canário-terra cantando.


A laranjeira fazendo sombra

E a parreira a brotar.

A romãzeira observa

A ponkan frutificar.


A grama crescendo rápido

Perto da taipa de pedra

E a taquareira do outro lado.

Como é bela essa serra!


A Deus vou louvando.

Meu chimarrão,

Vou tomando.

Lembrando dos amigos

Ao bom Deus vou celebrando.


E de onde vem

Toda essa inspiração?

Do sangue vertido na cruz

Pra me dar a salvação!

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